O bar
Num ponto na esquina do quarteirão
Naquela rua de tantos passos
Na música que não vejo mais
Ouço o passado que me atravessa e gruda no que foram horas
No bar de noites vãs
Onde as gargalhadas se fecharam em cortinas
E vez por outra ainda ecoam nas paredes descascadas pelo tempo
Cobertas de tudo que ficou
No banheiro de frases alegres e loucas
Nos amantes envoltos na grinalda das conquistas
E em bêbados com seu troco amassado
Confusos em seu revés etílico
Tudo
Tudo ficou dividido
Perdido nas lembranças de cada um
Como tampinhas de garrafas
Que se espalharam pela calçada do tempo
Sob as estrelas
Testemunhas daquele bar
Em que ainda paira o luar
Na saudade em que posso vê-las.
Marco A. Siqueira
01.12.2020
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