Chagas Botelho deixa a 91.9FM.

Despedida.

Ontem fui assinar minha rescisão de contrato com a Teresina FM. Aproveitei a ocasião para me despedir de pessoas queridas que, durante cinco anos, tive a sorte de conviver. Entre elas, o ilustre Petronilio que, carinhosamente, atende pela alcunha de Pet. Um sujeito do bem, simples e prestativo. Porém, com um grave defeito: é torcedor fanático do Flamengo. Apesar desta imperfeição, Pet é sapiente. Guardarei comigo suas lições inspiradoras. Depois da despedida geral, e com o coração choroso, tomei a Avenida Jockey Clube com o sol causticante na cabeça. Mais adiante, ali, no cruzamento da Jockey Clube com a Avenida Ininga, outra despedida sentida. Desta feita, com o Fernando, vendedor de castanhas no sinal. Figura sábia, ímpar. Foram cinco anos de conversas animadas no semáforo. Ele contava os causos de ricos e pobres que presenciava e que povoavam a minha aproveitadora imaginação. Muitos deles, posteriormente, transformados em textos. Sempre lhe perguntava quem comprava mais suas castanhas, se homem ou mulher, em sua resposta dizia: “as mulheres. Além de boas compradoras, são bastante educadas”. E assim, de sol a pino, de abordagem em abordagem a motoristas, Fernando leva a vida com leveza. Há um constante sorriso em seu rosto suado. Foi difícil a encostada de cotovelos de até qualquer dia desses, amigo. Limitamos-nos a desejar boa sorte um ao encontro com palavras abafadas pelas as máscaras. Antes de partir, em um último gesto, com aquele jeito afável de ser, Fernando me perguntou: “tua saída da rádio foi por conta da pandemia?”. Disse-lhe que sim. A empresa havia adotado uma política de redução do quadro funcional. Pensativo, ainda soltou uma de suas ricas reflexões: “nessa pandemia, enquanto uns ganham milhões outros perdem seus tostões”.
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Ps: Retrato tirado em abril de 2019

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