Por George Mendes, publicitário, escritor, dublê de cantor e compositor

A COMORBIDADE DE WELLINGTON DIAS.
Gerar confiança e credibilidade deve ser princípio da administração pública. Quando arranhadas, é muito difícil reverter. Esse é o problema que toca o governador dos piauienses. Ele exagerou na dose, faz tempo.
Por se julgar o experto, capaz de tudo para vencer eleição, tornou-se um campeão. No mesmo rastro, angariou falta de respeito e de credibilidade. Sua palavra não vale mais, nada garante. Não inspira confiança.
O Piauí acaba de anunciar que o salário do governador e de seus auxiliares será reduzido em 15%; que contratos de manutenção e custeio serão cancelados ou suspensos; que as obras vão parar e não será mais iniciada obra nova.
Levado ao pé da letra e da matemática real isto nada significa. Basta olharmos para o que ele próprio já anunciara em outros momentos como “ medidas para garantir as condições do equilíbrio fiscal do Piauí”.
Do mais graduado de seus auxiliares ouvi de viva voz que tudo aquilo que podia ser feito para reduzir despesas no Piauí já havia sido feito. E que agora, era só seguir adiante. Não é assim.
Claro, todo corte de despesas é bem vindo, num cenário desses. E na essência, o que é feito?
Wellington Dias tem governado nessa base das manobras-do-sem-fim, deixando efetivamente de governar e apresentar resultados, bons resultados administrativos, à frente do governo.
Ele se coloca no polo oposto na racionalidade, negando o óbvio e o necessário.
Qual moral teria o governador de falar em corte de despesas, sendo notório gastador, desperdiçador de recursos públicos, ao eleger sempre prioridades contestáveis que elevam gastos de custeio em detrimento de investimentos sustentáveis, de elevado retorno social e econômico?
Qual moral tem aquele que criou para governar um mastodonte administrativo de exclusiva inspiração eleitoral?
É obvio que o Piauí não cabe em suas receitas. As despesas são ruins. Os investimentos não têm adequado planejamento. Sequer existe uma equipe de governo que assim possa ser chamada. Há um ajuntamento com títulos honoríficos.
Wellington mente e não dá sinais de que deixará de mentir. Já teve tempo para isso e não o fez. É permanentemente contraditório, irracional. E nos últimos tempos tem acentuado tudo isto com uma falta enorme de sensibilidade social.
Há muito deixou de ser aquele garoto que farejava injustiças, colocando suas palavras e ações no combate a elas. Ele nega a si mesmo.
Essa longa noite de trevas e tempestades em que estamos todos envolvidos poderia significar um momento de reflexão intensa e de mudanças de rumos. Nosso governador, no entanto, nega essa oportunidade, preferindo buscar proveitos pessoais a uma modificação, um novo recomeço em outras bases. Nenhum sinal orienta este sentido.
Qual é o plano piauiense para atravessar o COVID 19? Conseguir dinheiro e encobrir seu uso legal e racional.
O primeiro sintoma do mal que acomete o governador dos piauienses: declara à Folha de São Paulo já ter gasto R$156,0 milhões com recursos extras para a saúde por conta da pandemia. Mas não é capaz de comprovar tais gastos. Pressionado, manda publicar uma planilha orçamentária, sucinta e insustentável relacionando gastos a fazer.
Diante do evidente despreparo do sistema público de saúde do Piauí, cuja principal característica é a dependência que tem daquilo que é feito em Teresina, e acossado pelo fato da inexistência de  atendimento de saúde em unidades de terapia intensiva em número mínimo, anuncia a construção de um hospital de campanha, em Teresina, aproveitando a existência de um ginásio coberto, abandonado pelos seus governos, e depois transferido à iniciativa privada, numa transação nebulosa conduzida por um  arremedo de instituição pública,  que cuida de parcerias públicas-privadas. Mantém-se sem explicar nem como e nem por quê. E ainda tem coragem de anunciar que “está acelerando a descentralização do atendimento em UTI´s pelo interior do Estado”.
Para coroar seus discursos suspeitos, mandou publicar uma página-cor no prestigiado jornal Folha de São Paulo, em exaltação a seus feitos no Piauí ao custo da bagatela de R$ 423.000,00. Nessa matéria cravada como informe publicitário, não se acresce uma única informação digna de nota ou respeito. Como pôde? O que isto diz da sua capacidade de discernir para bem governar?
Para finalizar, Wellington Dias quer fazer do pânico vivido pelo país um momento especial para “ antecipar o desenvolvimento”, como diz, contratando mais empréstimos bancários, aprofundando o endividamento público em total descompasso com a capacidade de pagamento do Piauí. Uma grosseira irresponsabilidade fiscal sustentada por 25 votos parlamentares, incapazes de qualquer reação em nome do respeito e da dignidade.

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