Por José Olímpio, jornalista.

UMA LUPA PARA ENCONTRAR UM ESTADISTA

Pode parecer pessimismo, mas observo o cenário político nacional, às vésperas de um pleito presidencial, e não vejo como pode o Brasil sair da crise política e econômica em que a corrupção o enfiou, com os atores atualmente em cena, quase todos enrolados na Lava Jato.

Os que não têm a ficha suja, não possuem currículo que os credenciem a ocupar o mais alto cargo da Nação, que está à deriva necessitando de um  bom timoneiro que a conduza a um porto seguro.  Não é tarefa para qualquer neófito ou para os salvadores da pátria que costumam dar as caras nesses momento de crises.

O Brasil, neste momento difícil, de extremado radicalismo à direita e à esquerda, necessita de um nome confiável, probo e equilibrado, um estadista capaz de alcançar o consenso e realizar a travessia sem traumas, mas está difícil encontrar um nome com este perfil.

A volta ao populismo irresponsável e corrupto, seja de direita ou de esquerda, seria o desastre definitivo, que jogaria por terra todo o esforço para moralizar a administração pública, combater a corrupção e construir um país socialmente justo.  Os nomes postos até agora, por razões diversas, nos parecem incapazes de pacificar o país e promover o seu desenvolvimento.

Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF e possível candidato do PSB, tem forte apelo popular, mas não possui as virtudes de um bom candidato. Arrogante, autoritário, presunçoso e contrário à prisão de condenados em segunda instância, pesa ainda sobre esse cavalheiro a acusação de endossar o discurso do golpe. Na presidência da mais alta Corte, demonstrou desprezo pela liberdade de imprensa e de expressão.

Ciro Gomes, do PDT, acende uma vela para Deus e outra para o diabo. Mete a pua nos corruptos, mas é um dos maiores admiradores do ex-presidente Lula. Os petistas, no entanto, o consideram um oportunista, mas o ex-governador cearense é mais que isso: é um político instável emocionalmente, impulsivo e desagregador.

O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alkmim, apontado por muitos analistas políticos como o nome do consenso, foi atropelado pelo descarrilamento do trem tucano de São Paulo. Era visto como um nome de centro-direita capaz de unir o país, mas agora, após o escândalo que atingiu o seu governo, não se sabe nem se será candidato. E o Brasil não perde nada com isso, assim como não perdeu com a saída de Lula de cena.

Outros possíveis candidatos dentro desse espectro político, como o presidente Temer, Henrique Meireles, Rodrigo Maia não têm nenhum apelo popular e atingem um desempenho pífio nas pesquisas de intenção de voto.

Paulo Hadad, ex-prefeito de São Paulo, é o plano B do PT, que tem ainda o plano C (Manuela D’Avila/PCdoB), o plano D (Ciro Gomes/PDT),  e o plano E (Marina Silva /REDE).  Mas, como a esquerda só se une na prisão, difícil acreditar na união desses candidatos. 

A extrema direita, saudosa dos tempos da Ditadura, quer emplacar o nome de um cidadão que, se eleito, representaria um baita retrocesso. Seria um Lula da extrema direita. Jair Bolsonaro, um reacionário cujo discurso nos remete a um passado tenebroso.

Restam os nomes dos senadores Cristóvão Buarque (PPS) e Álvaro Dias (Podemos), sobre os quais andaram fazendo umas denúncias, mas até o presente nada foi provado contra eles.

O  primeiro é um grande educador, foi reitor da UNB e governador de Brasília. Foi em sua gestão que foi criado o Bolsa Escola. Se for de fato candidato e até as eleições passar ileso pela lupa da PF e da Justiça, pode cair nas graças do eleitorado.

A mesma coisa se pode dizer de Álvaro Dias, um grande tribuno e uma voz que no Senado tem se destacado pelo combate à corrupção. Estas, por enquanto, são as duas opções que me parecem mais próximas do perfil ideal.

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