Após uns seis meses de salários atrasados, e sem o diretor geral José Lopes dos Santos aparecer eu criei coragem e fui lhe pedir 'um vale'. Ele não aceitou meu pedido e, do alto de sua ignorância, falou alto e forte ''você está demitido'' saia já de minha sala. Ao sair daquela saleta, tive uma demonstração inequívoca de amizade e muito respeito de vários companheiros de trabalho da Rádio Difusora de Teresina onde eu prestava meus serviços profissionais. Sai da sala do poderoso José Lpes dos Santos e me encaminhei para escada de saída da emissora, fui surpreendido com funcionários da empresa que estavam na mesma situação minha, com vários meses de salários atrasados. Aquelas pessoas famintas e com inúmeras dívidas, abandonaram seus horários de serviço e me acompanharam sem que eu tivesse solicitado apoio de qualquer um companheiro. Desceram a escada de saída, junto comigo, José Vieira, Tomaz Vitorino, José Ozildo, Ted Drumond, dentre outros. Fui procurar meus direitos trabalhistas na Justiça do Trabalho onde batalhei durante onze meses, ganhei. Além de receber meus salários com correção aquela corte exigiu que eu fosse readmitido. Na minha volta, a Difusora já havia sido vendida, fui terrivelmente humilhado pelo novo diretor Paulo Henrique de Araújo Lima e seus comparsas. Dei a volta por cima, à convite, fui para a Rádio Clube de Teresina onde continuei líder absoluto de audiência. A vida muito nos ensina todos os dias, o mesmo José Lopes dos Santos que não gostava de mim se viu obrigado a me receber como seu assessor de imprensa por determinação do governador Dirceu Arcoverde. Não guardo rancor de José Lopes dos Santos, apenas me lembro das boas amizades que fiz quando militei na Difusora. Hoje, graças ao arquiteto e construtor de nosso planeta tenho DRT de número 08 e sou considerado como um dos mais brilhantes radialistas do nordeste brasileiro. Sou filho de uma mulher carvoeira, faxineira, lavadeira, engomadeira e verdureira. Meu pai faleceu em 1957, seu 'quinca rosa' foi o primeiro delegado de polícia de Horizonte, naquele tempo não havia se emancipado de Pacajus, Ceará. Eu, Chico Silva, nunca fui preso ou processado criminalmente por qualquer motivo, não fumo e nem bebo.

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