Por Reinaldo Azevedo.

O Grupo Globo quer depor Michel Temer. É evidente que nunca se viu tamanho engajamento de seus respectivos veículos em favor de uma causa. Não na democracia ao menos. No processo de impeachment de Dilma, a TV dispensava igual tempo para os favoráveis e contrários à deposição. O que se tem hoje é, sem dúvida, uma campanha, como o “Criança Esperança”. Só que virulenta: É o “Golpista Esperança”.
É claro que as pessoas se perguntam por quê. As suposições são as mais variadas. Vamos ver.
O grupo já fez mea-culpa, por exemplo, por ter apoiado o golpe militar de 1964. Pois é… Pode-se apontar um “erro” das gerações passadas, mas como precificar os benefícios que ele gerou, né? Como abrir mão deles?
Consideremos, no lado virtuoso da história, que cada geração pode ter seu jeito equivocado de amar a virtude, com direito de errar. A falha do patriarca consistiu em apoiar a ditadura, com todas as suas ilegalidades. Pode ter sido só apreço à ordem. O governo Goulart era uma bagunça mesmo, e as acusações de corrupção também incendiavam o imaginário. A TV foi criada um pouco mais tarde naquele, digamos, espírito.
A geração atualmente no comando também deve ficar nauseada com a corrupção, a exemplo de Rodrigo Janot. Ainda me pergunto como conseguiu dar suporte — eis uma boa palavra — a Sérgio Cabral por tanto tempo. Eu, que estou em longes terras, apontei algumas picaretagens. A relação com Lula costeou a subserviência.
Por que, agora, essa violência retórica contra Michel Temer?
Há os defensores da linha, digamos, histórico-sociológico-psicológica. Para demonstrar independência diante de seus muitos críticos à esquerda, a emissora precisaria carregar nas tintas contra Temer, Aécio e a antiga oposição. Tá… Mas por que abrir mão do equilíbrio exibido durante o processo de impeachment?
Acho que isso não responde nada.
Há quem diga que Sérgio Cabral e J. Hawilla é que botaram a gigante na marca do pênalti. O Ministério Público Federal teria tido acesso a informações trocadas, digamos assim, por apoio. Há um cheiro de fantasia aí, não é? Que o ambiente da Copa do Mundo era, no entanto, pestilento, disso ninguém duvida, não é mesmo, Ricardo Teixeira?
A VEJA desta semana traz o seguinte na coluna Radar:
“Prestes a ser concluída, a delação de Antonio Palocci tem um nexo que entra e sai da versão final — sobre questões fiscais da Rede Globo”.
Na versão completa dos boatos, a Globo estaria assim engajada na queda de Temer mais por necessidade do que por boniteza.

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