EDITORIAL
O jornalista brasileiro é agredido praticamente o tempo inteiro, apesar de prestar um tipo de serviço fundamental para o desenvolvimento da sociedade.
A informação é uma forma de conhecimento que favorece o controle do poder público pela população – desde, é claro, que o cidadão esteja atento e saiba utilizar de maneira adequada as informações que receber através dos diversos meios de comunicação.
O que se constata, infelizmente, é que o Brasil é um dos piores países do mundo para o exercício da profissão de jornalista, e isso acontece devido a violência com que profissionais de imprensa são tratados principalmente por parte de agentes públicos, sejam eles governantes ou policiais.
O total de casos de violência contra profissionais de imprensa registrados em 2016 foi 65,51% superior ao de 2015.
Esses dados fazem parte de um relatório divulgado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.
Apesar do número de assassinatos ter caído de oito para dois casos de 2015 para 2016, o total de casos de violações à liberdade de expressão no Brasil saltaram de 116 para 192 ocorrências, atingindo diretamente a 261 trabalhadores e veículos de comunicação.
A organização “Repórteres Sem Fronteiras” afirma que o Brasil é o segundo país mais violento da América Latina, atrás apenas do México.
Segundo a Press Emblem Campaign, uma organização não governamental (ONG) formada por jornalistas de várias nacionalidades que atua como consultora das Nações Unidas, o Brasil está entre os dez países de maior periculosidade para a profissão em todo o mundo.
Quando analisados os dados entre 2012 e 2016, o país figura na 6ª posição do ranking da ONG, à frente das Filipinas, da Índia, do Afeganistão e de Honduras.
Dessa forma não é de surpreender que uma jornalista tenha sido agredida durante a cobertura de um fato político em Teresina ao longo desta semana.
A imprensa local nos informa que a mencionada profissional estava entrevistando um pré-candidato a presidente da República do PSC (Partido Socialista Cristão) quando foi acusada pelos seguidores daquele político de ser vinculada a um partido político, no caso, o PT.
Não adiantou ela exigir respeito porque as pessoas que a atacavam pareciam fora de controle e então a jornalista de uma emissora de televisão local teve que se retirar para evitar até mesmo de ser fisicamente agredida.
Claro que todos têm o direito de pensar o que bem entenderem sobre quem quiserem, sobre jornalistas, políticos, médicos, engenheiros, sobre qualquer pessoa ou categoria.
O que não se pode é prejudicar o exercício de uma profissão que hoje é fundamental para a sociedade brasileira e, no caso do Piauí, toda e qualquer notícia pode fazer a diferença, tendo em vista que existe um engajamento em favor de governos – e também em prol de políticos, desde que eles estejam no poder.
É de se lamentar que pessoas que participam de um ato democrático se comportem de maneira tão irresponsável e autoritária, demonstrando uma incapacidade tremenda em conviver com a mesma democracia que dizem defender.
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